Holofote é uma história didática. Nele o diretor explica como deve ser o jornalismo. E embora os consumidores da nova mídia possam não saber muito bem se houve jornalismo real, certamente poderíamos entender sua mensagem.
O ator, roteirista e diretor Thomas McCarthy conseguiu um casting que poderia ser invejado por qualquer um dos diretores de hoje com atores da estatura de Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery. Acho que foi desperdiçado e isso é algo que explicarei mais tarde.
Em 2002, uma equipe de repórteres investigativos do Boston Globe expôs os escândalos de pedofilia cometidos durante décadas por padres em Massachusetts. A publicação desses fatos, que a Arquidiocese de Boston tentou ocultar, abalou a Igreja Católica como instituição.
Por ser um filme que tem muito diálogo e informação, a responsabilidade recai mais fortemente sobre as interpretações, sobre os protagonistas. E eu acho que eles não deram tudo devido a erros com o script. Acho que o único que deixou seus dilemas claros é Ruffalo, com um personagem que se adequava a ele como uma luva, embora seu desempenho tenha mérito. Acho que o filme poderia ser mais dramático e isso é uma coisa do roteiro. E só com essa mudança teríamos visto um dos melhores elencos dos últimos vinte anos desempenhar um dos melhores papéis de sua vida.
Este é um bom filme que poderia ter sido uma obra-prima. Um daqueles filmes que você acaba assistindo ao longo dos anos repetidamente. O que não é o mesmo que um bom filme. Passar de uma fase para outra será algo que poucos privilegiados poderão realizar. No final das contas, temos também de agradecer ao diretor por ser original no assunto, destemido, corajoso e por nos lembrar o que é o verdadeiro jornalismo. Se alguma vez tivermos isso claro.